Companhias de viagem
(foto da minha autoria)
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
(foto da minha autoria)
Um chá e um livro. Talvez o que este frio me peça é um chá e um livro.
Enquanto acompanho outras vidas aqueço-me com o prazer da leitura e a temperatura da bebida.
Um chá, um livro e quiçá um bloco de notas. Porque a cabeça anda a mil e mesmo com ela ocupada surgem ideias, frases isoladas que compõem textos, dicas para a próxima viagem, recados que não posso esquecer...
Um chá, um livro e o bloco de notas.
Talvez também um abraço. Acho que frio me pede isso. Um abraço de alguém especial, seja família, amigo ou algo mais. Que nos conforte, dê calor e sensação de segurança.
Um chá, um livro, um bloco de notas e um abraço. Sim, é mesmo isso que o frio me pede.
E sim, há formas simples de ser feliz. Ou pelo menos, de me sentir mais quente.
(Foto da minha autoria)
Quando somos crianças achamos que somos os donos do mundo e que conseguimos tudo. Depois o brinquedo parte e ficamos desiludidas porque era suposto aquilo durar para sempre. Entretanto o joelho esfola e choramos de dor a pensar como é possível que algo tão mau nos aconteça.
Vamos crescendo e o coração parte porque o nosso “fraquinho” acha que não somos boas o suficiente para ele. A auto-estima dói porque as miúdas populares da escola não querem ser nossas amigas. Sofremos em silêncio porque temos boas notas e somos gozadas e chamadas de marronas.
Chegamos à idade adulta e, mais maduras, desvalorizamos todas aquelas dores do passado por serem patéticas. Mas ficamos frustradas porque não temos dinheiro para fazer o investimento que queremos. Ficamos tristes porque para o conseguir deixamos muitas das coisas que nos faziam bem. Damos por nós a trabalhar num local que não tem nada a ver com o que almejávamos e a ir abaixo porque alguém superior não valoriza o nosso trabalho. A ditadura de beleza deita-nos ao chão porque não temos as medidas perfeitas (?!?) das modelos das Victoria’s Secret. E o pior, somos impotentes perante a dor e a doença dos que nos rodeiam e a quem queremos bem.
Talvez a esta hora já deveríamos saber que nada é garantido nesta vida. Que quem nasce só tem uma única certeza é a de que também morre. E mesmo sabendo que é o que nos espera sofremos, revoltamo-nos e entristecemos quando isso acontece.
Talvez a esta hora seria uma boa altura de deixarmos de nos sentir mal pelo que não temos e começar a agradecer tudo o que vivemos. Agradecer as pessoas maravilhosas que passam por nós e lá continuam. Agradecer os lugares que temos oportunidade de conhecer. Agradecer aqueles momentos que nos arrepiam todos os pêlos dos braços. Agradecer por respirar.
Se à morte ninguém escapa talvez seja hora de aprender a viver com isso, a arriscar mais e a vencer os nossos medos. Talvez seja hora de ter tranquilidade no coração, calma na alma e confiança em nós e no que valemos. Em aproveitar o lado bom da vida e a viver de consciência tranquila que enquanto cá estivermos fazemos o que for possível para valer a pena.
Ainda vou a tempo de vos desejar bom ano?
P.S. É bom estar de volta. Nem que seja só com um post :)