All aboard!
Se em miúda me tivessem dito que iria haver fases da minha vida em que teria apenas alguns dias de intervalo entre voos eu teria rido à gargalhada.
Os aviões para mim eram simplesmente um mote de passeios ao domingo à tarde com o meu padrinho para os ver levantar e aterrar.
Os aviões eram apenas para gente rica, para gente VIP. E decididamente eu não era assim.
Depois cresci e é de pasmar a facilidade com que me movo neste transporte.
Cheguei a uma fase em que apanho mais vezes um avião que um autocarro. E continuo a não ser rica e muito menos VIP.
Aliás custa-me menos financeiramente andar de avião do que de carro. E custa-me menos tempo.
Ah e a espera? A espera é a melhor parte.
Principalmente se estamos sozinhos.
Reitero o que escrevi uma altura no meu facebook. Os aeroportos continuam a ser os sítios onde vejo os sentimentos mais sinceros.
Como o texto que por vezes circula por lá que diz: "Os aeroportos já viram beijos mais verdadeiros que muitas igrejas e despedidas mais sentidas que muitos hospitais."
Se em miúda me tivessem dito que agora estava aqui sentada à espera do embarque eu realmente pensaria que quem mo disse estava tolo.
Mas se em miúda me tivessem dito muitas das coisas que já aconteceram eu pensaria: "Tirem-me deste filme."
Mas é por isso que gosto da vida. Às vezes tira-nos algo e ficamos sem chão e pensamos "Porquê se eu estava contente e era tão pouco? Será que nem isso mereço?"
E mais cedo ou mais tarde ela dá a resposta: "Não. Mereces bem mais."
É como andar de avião. Às vezes assusta ou achamos que é só para os outros. Que não somos dignos de tal. Mas ela vem e mostra que valemos mais que o que pensamos e não temos que nos acomodar porque merecemos melhor.
Às vezes nós é que não queremos ver.
All aboard! Que a vida e o meu avião para Paris estão prestes a levantar.